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Falta de fiscalização pode prejudicar pedágio eletrônico no Brasil

Falta de fiscalização pode prejudicar pedágio eletrônico no Brasil

Detrans e empresas debatem ideias e soluções para um melhor funcionamento do pedágio eletrônico em congresso nacional

Por Jornal do Carro

Em funcionamento no Brasil desde o ano passado, o pedágio eletrônico (antes chamado de Free Flow) elimina as cancelas e praças de pedágio. O primeiro ponto de instalação do novo sistema de trânsito foi a Rodovia Rio-Santos (BR-101). O tema foi assunto de um dos painéis do 81º Encontro Nacional de Detrans, que iniciou nesta segunda-feira (9) em Salvador, Bahia.

No pedágio eletrônico, o usuário paga pelo trecho percorrido ou por quilômetro rodado nas estradas e rodovias. Além disso, com o objetivo de evitar fraudes, o pedágio Free Flow usa leitura visual automática de placas. Ela é feita com câmeras com OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres). Estes equipamentos são similares aos que identificam infratores de rodízio municipal na cidade de São Paulo (SP), por exemplo.

Contudo, desde sua instalação o sistema também apresenta falhas. Entre os principais obstáculos para seu bom funcionamento, estão, por exemplo, altos índices de inadimplência. Além disso, há alta de informações sobre formas de pagamento e até erros na identificação dos veículos que passam pelos sensores. Apesar de estar em funcionamento em muitos países, em outros, como a África do Sul, o sistema precisou ser desativado. Por lá, houve falta de adesão, alta inadimplência, além de recorrência de dificuldades na plena implementação do sistema.

Como melhorar o pedágio eletrônico

A fim de que o problema não se repita no Brasil, uma empresa defendeu durante o encontro de Detrans a instalação de um chip com Qr-Code na Placa de Identificação Veicular (PIV). O objetivo é que as placas sejam mais facilmente reconhecidas nos pontos em que há pedágio eletrônico. Desse modo, as placas funcionariam como já funcionam as TAGs, nas quais os pagamentos acontecem de maneira automática. Além disso, a ideia é que haja integração dos dados da placa (Qr-Code, Tag e Alfanuméricos) com dados biométricos do proprietário do veículo.

De acordo com Roberto Appel, presidente da Utsch que defende a ideia, com a integração será mais fácil para o motorista aderir ao sistema de pedágio e mais difícil que aconteça adulteração em placas, por exemplo. A implantação do sistema aconteceria por meio da logística já adotada de placas PIV, junto ao Departamento de Trânsito (Detran) de cada estado, além da Senatran. O custo seria baixo e eliminaria a cobrança de mensalidades, como é o caso de algumas TAGs.

Appel também defende que o País fiscalize melhor as placas de trânsito. Segundo ele, apesar da adoção das placas PIV no País, ainda há uma livre circulação de placas, com muitos modelos antigos e, inclusive, novas discussões sobre mais alterações nas identificações dos veículos. Essa falta de fiscalização no comércio e falta de padronização pode prejudicar o sistema de pedágios sem cancela.

Ideia precisa ser amadurecida

Apesar de representar uma possível solução, a alternativa ainda não é totalmente viável. Pricila Mucelin, diretora de tecnologia e informática do Detran-PA defendeu que ideias como a da adoção de chips na placa PIV precisam ser amadurecidas. De acordo com ela, ainda há muitas empresas que conseguem clonar essas placas. Dessa forma, seria necessário encontrar maneiras de evitar a clonagem desses dispositivos.

Além disso, seria necessário integrar os sistemas de pagamento dos pedágios. Isso porque, atualmente, existem diferentes aplicativos para realizar o pagamento dos pedágios eletrônicos, no caso de carros sem TAG, tendo em vista a administração por diferentes concessionárias. Assim, isso pode continuar dificultando o funcionamento do pedágio. Usar o sistema Gov.br para unificar os pagamentos seria uma opção, sugeriu.

Apesar das discussões em torno do novo sistema de cobrança, não ficou claro se há previsão de novas instalações ao redor do país. Além disso, parece que ainda não há melhores soluções para resolver as taxas de inadimplência, que já são altas. Por enquanto, os dirigentes dos sistemas de trânsito se veem na urgência de debater maneiras de melhorar a eficiência da instalação de um sistema que mal chegou, mas já apresenta muitos problemas.

A organização do 81º Encontro de Detrans é da Associação Nacional de Detrans (AND) e reúne os departamentos de todos os estados brasileiros, além de membros da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e outros órgãos de trânsito.

Foto: Reprodução