Saiba identificar os sinais, proteger o motor e agir corretamente em caso de abastecimento com combustível adulterado
Por AutoEsporte
Abastecer o carro é uma tarefa rotineira, mas que pode se transformar em dor de cabeça quando o combustível colocado no tanque não está dentro dos padrões. A adulteração ainda é uma prática ilegal que prejudica o motor, aumenta os custos de manutenção e até compromete a segurança do motorista e de todos ao redor. O problema acontece que os sinais aparecem logo após sair do posto, mas o condutor não sabe como agir.
A boa notícia é que, quando identificados a tempo, os danos podem ser reduzidos ou até evitados. Mais do que reconhecer os sintomas, é essencial seguir um passo a passo para proteger o veículo e ter respaldo legal.
“Se o carro não for flex, por exemplo, e a gasolina estiver alterada, os sintomas aparecem de imediato, como engasgos ao acelerar e marcha lenta irregular. Já nos modelos flex, a percepção é mais difícil, porque o sistema eletrônico compensa automaticamente”, explica Clayton Zabeu, professor de engenharia mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia.
A seguir, veja como agir caso desconfie de combustível adulterado.
Passo 1: desconfie dos sintomas logo após abastecer
Se o carro apresentar falhas de aceleração, perda de potência, ruídos anormais ou consumo maior logo depois de sair do posto, fique atento. “Nos veículos puramente a gasolina, é comum notar hesitações ao pisar no acelerador ou pequenas falhas na partida. Já no diesel, o motorista percebe excesso de fumaça e mais vibração no motor”, diz Zabeu.
Passo 2: evite rodar com o carro
Insistir em rodar com combustível fora da especificação pode agravar os danos. “Se a mistura estiver contaminada com solventes ou tiver baixa octanagem, o motor pode sofrer pré-ignição ou até batida de pino. Esse tipo de falha compromete pistões, válvulas e pode levar a danos catastróficos”, alerta o professor. Em casos de sintomas fortes, a recomendação é acionar um guincho para evitar que o motor seja exigido além do limite.
Passo 3: leve o veículo a uma oficina de confiança
Na oficina, o mecânico pode esgotar o tanque, coletar amostras e comparar densidade, cor e aspecto do combustível. “Esses parâmetros mostram rapidamente se o produto está fora do padrão. Muitas vezes, só a substituição já devolve o funcionamento normal ao motor. Mas, se bombas e bicos injetores foram afetados, será preciso reparo mais profundo”, ressalta Zabeu.
Passo 4: guarde provas e registre o caso
A nota fiscal do abastecimento é essencial. “É o documento que comprova onde, quando e quanto foi abastecido. Sem ela, o consumidor perde força para cobrar ressarcimento ou formalizar denúncia”, reforça o especialista.
Passo 5: denuncie o posto irregular
O motorista pode acionar a ANP pelo telefone 0800 970 0267 ou pelo site oficial. Também é possível recorrer ao Procon, já que a venda de combustível adulterado é crime contra o consumidor. “A legislação prevê multas pesadas, interdição de bombas e até a cassação da licença de funcionamento do posto”, lembra Zabeu.
Como evitar problemas no futuro
O impacto do combustível adulterado vai além do carro. “Alguns solventes usados nessas práticas, como o metanol, são tóxicos. A inalação pode causar intoxicação e, em caso de vazamento, há risco de contaminação do solo e da água”, explica o professor.
Ainda que não seja possível eliminar totalmente o risco, alguns hábitos ajudam: abasteça em postos de confiança, mantenha regularidade no local escolhido, desconfie de preços muito baixos e nunca deixe de pedir nota fiscal. “Assim como existem golpes por telefone, há adulteração até em postos de bandeira conhecida. A constância é uma forma prática de se proteger”, conclui Zabeu.
Tomar medidas rápidas ao perceber os sinais pode salvar o motor, evitar gastos altos e, principalmente, impedir que a adulteração comprometa a segurança e o meio ambiente.
Foto: Engin Aykurt
