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Venda de pesados elétricos e a gás cresce 79,5% em 2024

Embora alta impressione, números absolutos de pesados elétricos e a gás são baixos, por causa dos preços e da falta de infraestrutura

Por Estradão

De janeiro a junho de 2024, as vendas de veículos pesados elétricos e a gás cresceram 79,5% no Brasil na comparação com o mesmo período de 2023. Porém, os números absolutos ainda são baixos. Ou seja, foram emplacados 483 caminhões e ônibus do tipo nos seis primeiros meses deste ano e 269 no mesmo intervalo do ano passado. Os dados foram divulgados pela Anfavea, associação que representa as fabricantes de veículos.

Os baixos volumes de vendas estão ligados a fatores como preço e falta de infraestrutura de recarga e reabastecimento. Assim, um caminhão elétrico pode custar o dobro do equivalente com motor a diesel. No caso do a gás, a diferença parte de cerca de 30%. Seja como for, ações voltadas à descarbonização de frotas de ônibus, como a da cidade de São Paulo, por exemplo, devem ampliar as vendas desses pesados.

Caminhões pesados elétricos já são realidade no Brasil e vendas devem aumentar nos próximos anos

Aliás, os elétricos representam cerca de 81% dos ônibus e caminhões com propulsão alternativa ao diesel vendidos no Brasil no primeiro semestre de 2023 e 86% no mesmo período de 2024. Em outras palavras, foram emplacadas 219 e 414 unidades, respectivamente. Portanto, as vendas dos pesados a gás, que ainda são minoria, foram de 50 e 69 unidades, na mesma ordem.

TCO mais baixo

Segundo Clemente Gauer, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), os baixos volumes estão ligados ao preço. De acordo com ele, a oferta de carregadores não para de crescer. Atualmente, há 8 mil pontos de recarga públicos e semi-públicos no País, conforme o executivo. Além disso, a previsão é de que o número chegue a 15 mil no fim deste ano.

Porém, ônibus e caminhões elétricos não utilizam esses carregadores. Afinal, o custo do kWh nos postos públicos é muito mais alto que em carregadores próprios nas garagens das transportadoras e empresas de ônibus, por exemplo. Segundo Gauer, os preços médios do kWh são de cerca de R$ 2,50 em postos públicos, ante R$ 0,60 em carregadores próprios. “Isso ocorre por causa do contrato de fornecimento, que é baseado em valores negociados no mercado livre de energia elétrica”.

Segundo Gauer, outro ponto favorável do elétrico que mercado já identificou diz respeito ao custo total de operação, que é menor na comparação com o de um veículo a diesel. Nesse sentido, colabora o menor custo de manutenção, pois há troca de óleo, filtros e peças da embreagem, por exemplo. Além disso, o fato de esses veículos serem mais confortáveis pode ajudar a reter motoristas.

“Porém, o preço de aquisição ainda é um desafio. E isso vai ser solucionado à medida que o volume de vendas crescer. Vemos muitos movimentos ocorrendo, sobretudo das grandes frotas. Afinal, além das vantagens operacionais, algumas empresas estão listadas na bolsa de valores em razões de suas ações de sustentabilidade ambiental, social ou de governança (ESG)”, diz o diretor da ABVE.

Venda de caminhão a gás avança pouco

Já com relação aos caminhões e ônibus a gás, as vendas ainda são tímidas. De janeiro a junho deste ano, foram emplacadas 69 unidades. Portanto, houve alta de 38% em relação às 50 vendas registradas no mesmo período de 2023. Atualmente, apenas a Scania e a Iveco oferecem esse tipo de sistema. Porém, a oferta de veículos a gás da marca italiana ainda é reduzida.

Entretanto, o gerente de vendas de soluções a frotistas da Scania, André Gentil, diz que os volumes da marca estão dentro do esperado. Além disso, ele afirma que a rede de distribuição do combustível está sendo ampliada, o que deve contribuir para o aumento das vendas. Segundo Gentil, quando a marca lançou caminhões a gás no Brasil, a oferta de postos ficava concentrada no eixo São Paulo-Rio de Janeiro.

Pesados a gás

De acordo com ele, havia apenas cinco postos com abastecimento de gás para caminhões pesados. “Por isso, a Scania fez parcerias com distribuidores, postos e os empresários do setor de transportes. Assim, começamos a tornar a operação mais viável”, explica Gentil. Atualmente, há 45 postos com gás para caminhões no Brasil. A projeção chegar a 92 até o fim do ano. A distância média entre eles é de 400 km.

Recentemente, a Scania também lançou uma versão de caminhão a gás com maior autonomia. Batizado de X-gás, o modelo tem cabine G, cuja parte traseira é mais estreita que a da R. Assim, deu para instalar dois cilindros de gás ali. Como resultado, o Scania X-gás tem dez cilindros, o que garante autonomia de até 650 km. Ou seja, são 150 km a mais que as versões a gás dos caminhões R 420 e R 460.

Com isso, a Scania pretende encerrar o ano com cerca de 200 a 300 caminhões a gás vendidos no Brasil. Segundo informações da marca, parte dos negócios será fechada por meio de locação. Conforme a empresa, atualmente os caminhões a gás representam 10% dos modelos locados.

Neste ano, a Iveco começou a faturar o cavalo-mecânico pesado S-Way a gás no Brasil. De acordo com a marca italiana, 28 unidades do modelo foram vendidas no País desde então. Seja como for, a companhia não revela dados sobre projeção de vendas. Porém, é certo que os números vão crescer bastante. Afinal, uma versão a gás do semipesado Tector deve ser lançada no último trimestre.

Foto: BYD/Divulgação