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Ansiedade ao volante aumenta em 20% o risco de sinistros de trânsito

A ansiedade ao volante é uma ameaça à segurança viária porque pode impactar as habilidades cognitivas e o comportamento dos condutores.

Por Portal do Trânsito

A ansiedade se tornou uma epidemia silenciosa, especialmente entre os jovens, e seus impactos são sentidos também ao volante, tornando as ruas mais perigosas. Ela impacta as habilidades cognitivas e o comportamento, transformando motoristas ansiosos em um risco para si e para os outros. A psicóloga especialista em Trânsito e em Avaliação Psicológica e diretora da ACTRANS-MG, Giovanna Varoni, explica que a ansiedade se intensifica com o uso excessivo de telas, bombardeando nossos cérebros com estímulos e comprometendo nossa capacidade de concentração. 

“Estudos recentes mostram que jovens que passam horas em frente a telas demonstram dificuldade em manter o foco e apresentam déficits cognitivos, especialmente em situações que exigem respostas rápidas, como no trânsito”, comenta Giovanna. 

É justamente essa falta de atenção que transforma a ansiedade ao volante em um perigo nas ruas. Uma análise das causas de acidentes nas rodovias federais brasileiras comprova essa afirmação. No ranking das cinco causas mais frequentes de acidentes, três são relativas à desatenção. A reação tardia ou ineficiente do condutor, a ausência de reação do condutor e acessar a via sem observar a presença dos outros veículos foram as causas de 13.673 acidentes de trânsito no primeiro semestre deste ano. As outras duas causas se referem à imprudência (deixar de manter distância do veículo da frente e dirigir em velocidade incompatível com a via) e provocaram 4.187 ocorrências.

Riscos e impulsividade

A psicóloga explica que motoristas ansiosos, dominados pela urgência e pelo medo, tendem à impulsividade, tomando decisões precipitadas e ignorando os riscos. “Não é à toa que estudos feitos Dorn e Barker mostraram que indivíduos com altos níveis de ansiedade têm 20% mais chances de se envolver em acidentes. A ansiedade age como um véu. Assim, distorcendo a percepção do ambiente, atrasando o tempo de reação e comprometendo a capacidade de avaliar distâncias”, enumera a especialista.

Para completar o ciclo vicioso, o uso excessivo de telas prejudica o sono, essencial para o bom funcionamento cognitivo. “A privação do sono, intensificada pelo uso de dispositivos digitais, aumenta a ansiedade e impacta diretamente o desempenho no trânsito. Motoristas cansados e ansiosos formam uma combinação perigosa, pois se tornam incapazes de lidar com o estresse inerente à direção”, comenta Giovanna.

Segundo a psicóloga, a solução é a consciência e a prevenção. É preciso reconhecer a ansiedade como um problema real que exige atenção e tratamento. 

“Adotar práticas como mindfulness, exercícios físicos e pausas regulares para se desconectar das telas são medidas essenciais para controlar a ansiedade e garantir a segurança no trânsito. Cuidar da saúde mental é cuidar da segurança de todos nas ruas e estradas”, completa.

Foto: Reprodução