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“As cooperativas não querem disputar mercado com as sociedades anônimas”, afirma presidente da AAAPV em audiência pública que discute regulamentação da proteção veicular

Evento realizado na Câmara dos Deputados reuniu as principais instituições representativas do setor e destacou impacto social e econômico da atividade

Brasília (DF), 7 de novembro de 2025 – Como parte do processo de regulamentação do setor de proteção patrimonial, por meio da Lei Complementar n.º 213/2025, o deputado federal Julio César Ribeiro (Republicanos/DF) convocou uma audiência pública hoje (7), na Câmara dos Deputados, para discutir a minuta de Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) que estabelece as normas gerais aplicáveis às sociedades cooperativas de seguros.

Em setembro deste ano, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) abriu processo de consulta pública sobre a minuta. O texto aborda as normas de operação, capital social, governança, estatuto social, além de questões contábeis.

Durante o encontro, entidades representativas do setor mutualista de proteção patrimonial apresentaram suas demandas. A ênfase foi em assegurar que o modelo de atuação das mútuas seja regulado de forma que preserve sua essência cooperativista e de autogestão, sem impor exigências de capital ou estruturas originalmente concebidas para companhias tradicionais de seguros.

O presidente da AAAPV (Agência de Autorregulamentação das Entidades de Autogestão de Planos de Proteção contra Riscos Patrimoniais), Raul Canal, destacou os impactos econômico e social das cooperativas e que o infralegal atual prejudica os consumidores e as pequenas mútuas. “As cooperativas não querem disputar mercado com as sociedades anônimas. As entidades buscam atuar com a parte da população excluída do mercado tradicional. São essas pessoas que movimentam o Brasil”, afirmou. A AAAPV também está à frente da Secretaria-Geral da Frepam (Frente Parlamentar Mista do Cooperativismo de Seguros e do Mutualismo de Proteção Patrimonial).

Canal falou ainda sobre a dificuldade em realizar a audiência pública, que foi aprovada no fim do mês de julho, mas postergada diversas vezes. Além disso, comentou a sua alocação em auditório pequeno e alegou a existência de movimento contrário à pauta dentro do Congresso Nacional. “Era para termos 600 pessoas de todo o país aqui hoje defendendo os interesses do setor”, completou.

O diretor de Supervisão Prudencial e de Resseguros da Susep, Carlos Roberto Alves de Queiroz, relembrou o trabalho da autarquia para a regulamentação do setor e disse que estão abertos às sugestões de melhorias do marco legal. “Obviamente, se houver algum excesso ou mal-entendido na proposta que foi à consulta pública, a Susep, diante das argumentações técnicas adequadas, poderá rever seu posicionamento e fazer os ajustes normativos necessários”, afirmou.

O diretor da Confseg (Confederação Brasileira das Cooperativas Promotoras de Seguros), Eduardo Dada, destacou questões de prudência, governança e comercialização de serviços. O coordenador da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Hugo de Castro e Andrade, abordou os números do cooperativismo no mundo, além da forma que as instituições podem atuar para ampliar o acesso ao seguro.

Também estiveram presentes e discutiram pontos da minuta o subsecretário de Reformas Microeconômicas do Ministério da Fazenda, Vinicius Ratton Brandi, e a superintendente de Acompanhamento Técnico da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Karini Madeira.

Após a fala dos convidados, foi autorizada a manifestação dos presentes no auditório. O 2º vice-presidente da AAAPV, Fabricio Costa, relembrou o trabalho da Agência nos últimos nove anos, principalmente na luta pela regulamentação, e destacou a existência da Ouvidoria da AAAPV, que auxilia na resolução de conflitos entre associados e mútuas de proteção veicular filiadas.

O diretor de Comunicação, Tecnologia e Informática da AAAPV, Rodrigo Canal, destacou que a regulamentação das entidades é necessária e saudável, porém, se preocupa com a manutenção da essência do cooperativismo após o processo. “Quem recorre a esse serviço é o cidadão que, por diversos motivos, não consegue acessar o mercado tradicional. O setor promove desenvolvimento local. Estamos buscando o equilíbrio “, afirmou.

O diretor de Relações Institucionais e Parlamentares da Agência, Theone Cardoso, relembrou os desafios das normas infralegais definidas. “O setor trabalha há muito tempo para ser reconhecido. Temos experiência com os trabalhos local e regional, por isso, é necessária a flexibilização na gestão junto às administradoras”.

Já o procurador-geral da AAAPV, Dr. Ricardo Saldanha, solicitou a possibilidade de que as cooperativas que atuavam com proteção veicular passem a trabalhar como cooperativas de seguros.