Carro elétrico: confira 10 mitos sobre o uso e funcionamento
Mesmo após anos no mercado brasileiro, carros elétricos ainda vivem cercados de mitos e lendas.
Por Autoesporte
A eletrificação já é uma realidade no mercado automotivo há algum tempo. No Brasil, entretanto, 2024 está sendo um ano de consolidação do setor, com um crescimento de 506,23% no número de elétricos emplacados até setembro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A oferta de veículos também cresceu, indo de compactos como o Renault Kwid e-tech, até modelos mais potentes e caros como o Mercedes-Benz EQS 53 AMG.
No entanto, os carros elétricos ainda podem parecer estranhos para quem não acompanha a indústria de perto, gerando mitos sobre sua usabilidade e características. Para esclarecer essas dúvidas, Autoespoerte listou algumas lendas mais comuns e conversamos com especialistas do setor para distinguir o que é mito do que é verdade. Confira a seguir:
Carro elétrico dá choque?
Mito. Carros elétricos são projetados para isolar seus componentes de alta voltagem, mesmo em situações extremas. As baterias são seladas e vedadas, tornando-as impenetráveis, mesmo em casos de submersão.
“Para que um choque aconteça, seria necessário ignorar uma série de avisos e tocar diretamente em cabos de alta voltagem que ficam dentro do cofre do motor ou debaixo do carro. A chance de isso acontecer é menor do que ganhar na Mega-Sena”, comenta Carlos Augusto Roma, diretor técnico da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e CEO da Riba Brasil.
Não pode carregar carro elétrico na chuva
Mito. Os cabos de recarga não estão energizados enquanto conectados ao carro. Quando o sistema está conectado, ele é completamente vedado e isolado, eliminando qualquer chance de descarga elétrica.
Fabio Delatore, professor e especialista em veículos elétricos e híbridos do Instituto Mauá de Tecnologia, enfatiza que há uma troca de informações entre o carro e o carregador, que adiciona mais segurança ao processo de recarga. “Somente após a validação das informações, inicia-se a recarga. O mesmo vale para a remoção do cabo, que estará desenergizado. Ou seja, risco zero de choque”, destaca o especialista.
A bateria pode viciar como em um celular ou notebook
Mito. As baterias de íon de lítio usadas em carros elétricos são altamente avançadas e só perdem capacidade de armazenamento com a acumulação de ciclos de carga e descarga.
“Se você operar entre 20% e 80% da carga regularmente, a vida útil da bateria pode ser até o dobro do esperado. A garantia geralmente é de 8 anos para uma degradação de 30%, ou seja, após esse período, ainda restaria 70% da autonomia. Se o carro inicialmente rodava 400 km, após 8 anos ele ainda rodaria 280 km – e isso está longe de ser o fim da linha”, diz Carlos Augusto Roma.
Manutenção de carro elétrico é mais cara
Mito. “Um carro elétrico tem muito menos peças móveis e desgastáveis. Itens como óleo, velas, correias, fluidos e polias simplesmente não existem. Além disso, o motor elétrico não possui tantas partes internas sujeitas a desgaste, o que diminui significativamente a necessidade de manutenção”, ressalta Carlos Augusto Roma.
Comparando os preços das revisões de modelos semelhantes, observa-se uma vantagem no custo do carro elétrico. Por exemplo, as revisões até 60 mil km do Renault Kwid elétrico custam cerca de R$ 1.995, enquanto a versão a combustão chega a R$ 4.400 pelas mesmas seis revisões.
Carro elétrico não pode passar em enchentes ou áreas alagadas
Mito. Como já dito anteriormente, os carros elétricos possuem todos os sistemas de alta voltagem, como baterias e cabos de alimentação, selados e vedados. Essas proteções também garantem resistência à poeira.
Fabio Delatore explica: “Os componentes do sistema de tração e bateria têm grau de proteção IP67, resistindo a imersão em água de até 1 metro de profundidade por 30 minutos, e IP68, resistente a imersão contínua, geralmente até 3 metros de profundidade”.
A bateria perde vida útil mesmo se o carro não for usado
Mito. Somente em casos extremos de inatividade a bateria pode sofrer alguma perda de eficiência, mas isso não é exclusivo dos elétricos. “Se o carro ficar parado por longos períodos, como em uma viagem de seis meses, o ideal é manter a carga em cerca de 60%. Vale lembrar que veículos a combustão também exigem cuidados especiais quando não estão em uso”, comenta Roma.
Em caso de acidentes, a bateria pode explodir
Verdade. Mas existe uma explicação. Embora seja muito raro, é possível que ocorra uma explosão em colisões extremas. No entanto, os carros são projetados para mitigar ao máximo esse risco. A probabilidade de explosão em um carro elétrico não chega a ser maior do que em veículos a combustão, por exemplo.
“O invólucro onde as células da bateria são organizadas é projetado para suportar impactos significativos. Assim como o tanque de um carro a combustão pode explodir em um acidente de alta intensidade, o mesmo pode acontecer com o carro elétrico”, explica Fabio Delatore.
O descarte das baterias usadas é prejudicial para o meio ambiente
Mito. No entanto, o assunto ainda está em debate. Por ser um mercado relativamente “novo” no Brasil, o descarte correto das baterias é uma questão que precisa ser analisada. As baterias de carros elétricos contêm componentes com grande valor residual e podem ser recicladas. É importante, no entanto, que o descarte seja realizado de maneira adequada, por empresas especializadas no tratamento desse tipo de resíduo.
Recarregar o carro em casa pode sobrecarregar a rede elétrica
Mito. Desde que o projeto seja realizado por um engenheiro ou eletricista familiarizado com as normas ABNT 17019, que regulam a instalação de carregadores e tomadas superiores a 220V 20A, não há risco de sobrecarga. Autoesporte, aliás, já calculou quanto custa carregar um carro elétrico em casa.
Carlos Augusto Roma destaca uma vantagem dos elétricos: “O carro elétrico pode, em momentos de pico de demanda, devolver energia à rede, ajudando a aliviar a sobrecarga, algo que nenhum outro eletrodoméstico faz”.
Seguro de carro elétrico é mais caro
Mito. Embora o valor do seguro possa variar de acordo com o perfil e tipo de apólice contratada, dificilmente um carro elétrico terá um seguro mais caro do que um modelo equivalente a combustão.
Em uma cotação para os modelos Kwid Outsider e Kwid E-Tech, considerando uma apólice de classe de bônus 10 com coberturas típicas, os resultados foram de R$ 1.184,27 para o carro a combustão e R$ 1.784,27 para o elétrico. Esses valores correspondem a 1,67% do valor segurado para o veículo a combustão e 1,21% para o elétrico.