Expansão do mercado reflete mudanças no comportamento do consumidor e pressiona setor automotivo a acelerar inovações.
Por Portal do Trânsito
O mercado brasileiro de veículos eletrificados está em plena expansão. Segundo projeções da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país deve superar a marca de 200 mil unidades vendidas em 2025, consolidando a mobilidade elétrica como uma alternativa cada vez mais presente nas ruas.
Nos últimos anos, a redução de custos de produção, os incentivos fiscais e o avanço da infraestrutura de recarga têm impulsionado a adesão ao segmento. Apenas de janeiro a agosto, foram emplacados 126.087 mil veículos elétricos e híbridos. Somente em agosto, 20.222 veículos foram comercializados, crescimento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado.
Carros elétricos x carros a combustão: quem leva vantagem?
Apesar do avanço expressivo, os veículos a combustão ainda dominam o mercado brasileiro. O preço, o histórico cultural e a ampla rede de abastecimento seguem como fatores decisivos para muitos motoristas.
Entretanto, no médio e longo prazo, os carros elétricos aparecem como vantajosos em termos de manutenção e economia de combustível. Estudos do setor indicam que o custo por quilômetro rodado pode ser até 70% menor em comparação aos modelos tradicionais. Além disso, os elétricos contam com menos peças móveis, o que reduz as chances de falhas mecânicas e amplia a durabilidade. Montadoras e concessionárias já começam a adaptar suas estratégias para equilibrar o portfólio entre combustão e eletrificação. O mercado analisa que à medida que os preços caírem e acontecer a ampliação da rede de recarga, a escolha pelo elétrico deixará de ser exceção para se tornar regra no país.
Redução de IPI, isenção de IPVA e benefícios para frotas corporativas
Nos últimos anos, a adoção de veículos elétricos no Brasil tem sido estimulada por incentivos fiscais específicos, que tornam a compra mais acessível tanto para consumidores quanto para empresas. Entre as principais medidas estão:
- Redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): veículos elétricos pagam alíquotas menores em comparação aos carros a combustão, o que reduz significativamente o preço final de aquisição.
- Isenção ou desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA): em diversos estados, proprietários de carros elétricos têm direito a isenção total ou parcial do imposto, diminuindo os custos anuais de manutenção.
- Benefícios para frotas corporativas: empresas que investem em eletrificação de suas frotas podem aproveitar incentivos fiscais adicionais bem como programas de financiamento com juros reduzidos, acelerando a transição para veículos mais sustentáveis.
- Facilidades em financiamentos e crédito verde: linhas de crédito voltadas para veículos elétricos, incluindo empréstimos com garantia de veículo, oferecem condições especiais de pagamento, tornando a aquisição mais viável para pessoas físicas e jurídicas.
Essas políticas, combinadas com a expansão da infraestrutura de recarga, contribuem diretamente para o aumento da demanda assim como consolidam a mobilidade elétrica como uma alternativa cada vez mais competitiva no mercado brasileiro.
Impacto ambiental dos carros elétricos
Um dos pontos mais relevantes da discussão sobre carros elétricos é o impacto ambiental positivo. A substituição progressiva da frota a combustão por veículos eletrificados pode reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes, responsável por cerca de 47% das emissões de CO₂ no Brasil, segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa).
No entanto, também existem impactos ambientais importantes relacionados à produção das baterias desses veículos, principalmente devido à extração de metais como níquel, cobalto e manganês, cuja demanda crescente pode pressionar ecossistemas frágeis e áreas florestais.
Conforme um estudo recente, intitulado “Driving change, not deforestation: how Europe could mitigate the negative impacts of its transport transition”, encomendado pela Fern e pela Rainforest Foundation Norway e conduzido pela WU Vienna University of Economics and Business em parceria com o think tank The négaWatt, no cenário de “business as usual” (BAU), a expansão da produção de veículos elétricos pode resultar na perda de até 65 mil hectares de florestas até 2050. Caso as baterias mais demandadas, como as NMC 811 (níquel, manganês e cobalto), prevaleçam, essa área de desmatamento pode subir drasticamente para 117,8 mil hectares.
Sendo assim, a chave para equilibrar esses impactos é investir em reciclagem de baterias, pesquisa de materiais alternativos e políticas de sustentabilidade que considerem toda a cadeia de produção. Dessa forma, o Brasil pode aproveitar as oportunidades da mobilidade elétrica sem comprometer seus ecossistemas naturais.
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