Estudo da UTFPR e PUC-PR revela fatores de infraestrutura que aumentam riscos e aponta caminhos para prevenir acidentes nas rodovias do Paraná.
Por Portal do Trânsito
Um estudo desenvolvido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), identificou padrões de fatores relacionados a sinistros de trânsito nas rodovias do Estado. A pesquisa utilizou dados fornecidos pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) e analisou dois períodos distintos: de 2004 a 2013 e de 2019 a 2024.
De acordo com os pesquisadores, os resultados mostram que não deve se encarar os acidentes como “fatalidades inevitáveis”, mas sim como eventos que é possível prevenir a partir da identificação de fatores de risco com relação à infraestrutura viária.
Como o estudo foi conduzido
A professora Tatiana Gadda, do Departamento de Construção Civil do Campus Curitiba da UTFPR, foi uma das responsáveis pelo trabalho, em colaboração com o professor da PUC-PR, Fábio Teodoro. Ela explica que a iniciativa surgiu durante a disciplina de Modelagem Espacial em Sistemas, ministrada na PUC-PR. “A parceria para nosso artigo surgiu durante a disciplina de Modelagem Espacial em Sistemas PUCPR, que minha orientanda, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Ambiental Urbana (PPGSAU), Amanda Christine Gallucci Silva, cursou. Após isso, iniciou-se um contato com o estudante Gabriel Troyan Rodrigues e o professor Fabio Teodoro de Souza para um estudo estatístico”, relatou Gadda.
Para chegar às conclusões, houve a aplicação de técnicas estatísticas e de agrupamento, além do uso do software CBA (Classification Based on Associations), ferramenta capaz de prever a ocorrência de acidentes fatais em determinadas condições de tráfego e infraestrutura. Fatores que influenciam na gravidade dos acidentes Segundo a professora Tatiana Gadda, os dados apontam que elementos como sinuosidade, curvas fechadas, locais de ultrapassagem, presença de acostamentos e iluminação estão diretamente ligados à gravidade dos sinistros.
“O estudo demonstra que não deve se tratar sinistros de trânsito como fatalidades inevitáveis. Ou seja, isso porque há padrões e fatores associados que podem ser identificados para podermos agir na prevenção. A análise dos dados apontou que elementos de infraestrutura como sinuosidade, curvas fechadas, locais de ultrapassagem, acostamentos e iluminação, influenciam diretamente na gravidade dos acidentes e é possível modificá-los pelo poder público ou concessionárias”, destacou.
Ela também chama a atenção para os riscos nos perímetros urbanos e cruzamentos. “As técnicas de agrupamento mostraram forte relação entre características geométricas das vias e a ocorrência de lesões e mortes. Isso reforça a importância de dispositivos de controle de velocidade e de vias de contorno”, acrescentou.
Os números levantados pela pesquisa
Entre os principais achados, o estudo aponta que:
- A chegada a perímetros urbanos aumenta em 90% a ocorrência de acidentes;
- Presença de segunda ou terceira faixa eleva o risco em 65,8%;
- Maior sinuosidade do terreno impacta em 62,2%;
- Áreas de ultrapassagem com sinalização por linha tracejada têm relação de 56,3% com os acidentes;
- Presença de acostamento representa 53,9%;
- Iluminação insuficiente contribui para 48,2% dos registros.
Para os pesquisadores, esses dados oferecem subsídios para a adoção de medidas concretas que podem reduzir o número de mortes e lesões no trânsito. “Por exemplo, identificar quais os fatores de infraestrutura, como iluminação, acostamentos, curvas e locais de ultrapassagem, estão diretamente ligados à gravidade dos sinistros”, completou Gadda.
Publicação científica
A publicação do resultados da pesquisa ocorreu na Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA). Fonte: informações da Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA) e divulgação da UTFPR/PUC-PR.
Foto: divulgação