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Montadoras vão deixar de vender 950 mil carros em 2020

Queda será de 30% e as vendas ficarão em 1,864 milhão, prevê consultoria IHS Markit. Mesmo assim, os preços dos carros devem subir 5%

Por Terra

O mercado brasileiro de carros vai sofrer mais do que a média mundial por causa da pandemia de coronavírus. Enquanto a média global prevista é de 22%, no Brasil o recuo será de 30%. O total de veículos leves emplacados será de apenas 1,864 milhão. A previsão é da consultoria IHS Markit e foi feita hoje por Fernando Trujillo numa live na internet com o jornalista Pedro Kutney, editor do site Automotive Business, especializado na indústria. Com esse total, o mercado de veículos leves (automóveis de passeio, picapes, vans e furgões) recua para o patamar da crise econômica de 2016 e 2017.

Trujillo afirmou que a queda na produção ficará em torno de 31%, fechando o ano com apenas 1,939 milhão. O consultor da IHS Markit disse que o segmento de carros de entrada — onde se situam modelos como Chevrolet Onix Joy, Renault Kwid e Volkswagen Gol — será mais afetado por causa do desemprego, que a consultoria prevê em 16%. Assim, as montadoras deixarão de vender cerca de 950 mil carros em 2020. Apesar disso, os preços dos veículos devem subir 5% nos próximos meses, devido à elevação dos custos, especialmente por causa do dólar a R$ 5,26. Para 2021, o cenário previsto pela IHS Markit é de recuperação, com aumento de 23% nas vendas (2,292 milhões) e de 28% na produção (2,495 milhões).

Pior do que o Brasil está a Argentina. A previsão para o mercado argentino é de queda de 41% nas vendas deste ano (apenas 260 mil unidades) e 19% na produção (265 mil). Em 2021, segundo a IHS Markit, a Argentina terá 15% de aumento nas vendas (300 mil) e 40% de aumento na produção (371), em função da rápida recuperação do mercado brasileiro.

Fernando Trujillo afirmou também que os lançamentos de carros previstos para 2020 e 2021 deverão ser mantidos, porém com atraso de dois ou três meses. A partir de 2022, porém, os novos projetos correm sérios riscos, pois a perda de faturamento das montadoras será global. “Lançamento sempre puxa o mercado para cima, mas não acredito que deva acontecer muito nessa situação”, disse Trujillo, sobre a expectativa de novos modelos aquecerem as vendas. Para se ter uma ideia, a maior venda do Chevrolet Tracker — um dos mais aguardados lançamentos do ano — foi em março, com apenas 1.907 unidades.

 

Foto: GM / Divulgação