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Tarifaço de Trump ameaça frear investimentos de montadoras no Brasil

Anfavea teme que indústria brasileira fique menos interessante após ociosidade nos países que abasteciam o mercado americano

Por AutoEsporte

O Brasil pode ser afetado indiretamente pelo “tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A alíquota de 25% imposta aos carros produzidos fora do país pode, na visão da entidade, redirecionar investimentos — e a indústria local pode se tornar menos atrativa em âmbito global.

Para a Anfavea, com o novo imposto sobre carros importados nos EUA, os fabricantes de veículos podem direcionar investimentos à própria indústria americana ou para regiões que correm o risco de se tornarem “ociosas”. Este é o caso, por exemplo, do México, que destina 75% de sua produção local ao mercado estadunidense.

“O México vai enviar as unidades para outros países com os quais tem algum acordo comercial, como o Brasil. Muitos investimentos que seriam realizados no Brasil ou Argentina deixarão de ser feitos para utilizar a capacidade ociosa das fábricas mexicanas, por conta dessa tarifa extra”, previu o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante coletiva realizada na quarta-feira (9).

“Para que investir no Brasil se existe capacidade ociosa na Coreia e no México? Os executivos brasileiros terão um trabalho muito maior para convencer as empresas a investirem”, projetou o executivo.

Segundo a Anfavea, os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos para a exportação de veículos são México, Coreia do Sul, Japão, Canadá e Alemanha, respectivamente. Agora que estes países não poderão atender o grande mercado americano, que emplacou 15 milhões de unidades em 2024, a indústria brasileira tem chances de “sobrar” em um remanejamento global.

“Pegando uma empresa [fabricante de veículos] que tem produção no México, Estados Unidos e Brasil. Se ela tiver que investir nos Estados Unidos, vai usar a capacidade ociosa do México e deixará de investir em outros países”, afirmou Lima Leite. “[O nosso mercado] pode ser um dos impactados. Esse efeito acaba prejudicando países como o Brasil, e outros que têm acordo de livre comércio com o México”.

Brasil não envia carros aos Estados Unidos

Em outros aspectos, a indústria brasileira dificilmente será afetada. Nenhum automóvel de passeio produzido por aqui é exportado aos Estados Unidos. Da mesma forma, poucos carros vendidos no Brasil são feitos pela indústria estadunidense, como é o caso de modelos da Ford (Mustang e F-150) e da Jeep (Wrangler, Gladiator e Grand Cherokee).

O “tarifaço” anunciado pelo presidente americano tem causado um impacto considerável na indústria automotiva. Com isso, algumas das maiores fabricantes de veículos do mundo já anunciaram medidas que vão impactar nas vendas de carros.

A Stellantis, dona de marcas americanas tradicionais, como Jeep, Ram, Chrysler e Dodge, suspendeu a produção em fábricas do Canadá e do México. Outra gigante da indústria, o Grupo Volkswagen tomou medidas práticas ao cancelar o envio de veículos produzidos no México para o vizinho do norte. Nissan e Jaguar Land Rover também anunciaram a suspensão da venda de alguns modelos importados.

Foto: Divulgação/Chevrolet